A cada passo
Me enredo
Me enrosco
Perco o equilíbrio e tropeço
Me atrapalho no emaranhado de pensamentos alheios que circundam meu corpo
Que contornam minhas curvas
Que apertam minha barriga
E forçam o sorriso no meu rosto
Respiro devagar para não me sufocar no caos do mundo
Para não me afogar no mar de ódio
Para não me perder no breu dos meus próprios pensamentos
Minha mente grita e eu quero gritar junto
O peito aperta
A boca abre
Mas o medo cala
Cala e o corpo encolhe
Contrai
E me abraço com meus próprios braços enquanto escorrego as costas em uma dessas quatro paredes frias e sem graça que construíram ao meu redor
E sozinha, no escuro
Sento no chão
A boca tapada
Que calada só prova o azedo de um mundo doente
E meu coração que pulsa
Mas pulsa fraco, embriagado pelo excesso de ódio
E as minhas mãos atadas que escrevem do jeito que podem
Do jeito que conseguem.
À deriva, perdida nas águas de um mundo sem amor
Não tenho terra à vista.
Texto da "Sociedade dos poetas vivos".
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